CRISTIANE BONFIM
Quem entra no rotativo do cartão ou no cheque especial corre o risco de não conseguir pagar as altas taxas
Prestação do carro, financiamento da casa própria e dívidas no cartão de crédito tiram o sono de muitos consumidores que não conseguem fugir da armadilha do crédito fácil que vem acompanhado de juros altos. Quem entra no rotativo do cartão de crédito ou no cheque especial corre o risco de não conseguir pagar taxas de juros que chegam, respectivamente, a 238,30% e 140,58% ao ano, segundo dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac).
O presidente da Anefac, Andrew Frank Storfer, considera que o problema para os consumidores é provocado por um certo descompasso entre a política de acesso aos recursos - ampliada principalmente nos últimos dois anos para as classes C,D e E - e a preparação para lidar com o endividamento.
"Esse crescimento no acesso ao crédito não foi acompanhado por crescimento na educação financeira", avalia o presidente da Anefac. Por isso, em 2011, o que se deve esperar é o crédito um pouco mais enxuto, que vai afetar principalmente as famílias que têm renda menor e que não têm condições de fazer financiamentos pagando entradas maiores, explica Storfer. "Na prática, elas vão consumir um pouco menos, fazer menos empréstimos e isso vai conter um pouco a inflação", diz o economista.
Elevação
Os dados da última pesquisa da evolução das taxas mensais de juros feita pela Anefac revela que exceto o rotativo do cartão de crédito todas as demais taxas de juros pesquisadas foram elevadas em novembro passado. A pesquisa referente ao mês de dezembro ainda não foi divulgada pela associação.
De janeiro a novembro de 2010, a taxa básica de juros passou de 8,75% ao ano para 10,75% ao ano. Isso significa uma elevação da Selic de dois pontos percentuais ou de 22,86%.
A taxa de juros média geral para as pessoas físicas apresentou elevação de 0,05 ponto percentual no mês (o equivalente a 1,23 ponto percentual no ano),que representa elevação de 0,75% no mês (1,05% em doze meses).
Entretanto, quando se leva em conta um período maior, a taxa de juros média para pessoa física caiu em 2010. Houve redução de 3,22 pontos percentuais (queda de 2,64%), passando de 121,96% ao ano em janeiro passado para 118,74% ao ano em novembro de 2010.
Dicas
A orientação dos especialistas em finanças é que os consumidores evitem entrar no rotativo do cartão de crédito e do cheque especial, que estão entre as taxas de juros mais altas. Somente nos 11 primeiros meses de 2010, o acumulado dessas taxas chegou a 205,54% e a 120,09%, respectivamente. No mesmo período, a taxa de crédito direto ao consumidor (CDC) acumulada ficou em 29,75% e a do empréstimo pessoal nos bancos variou 67,34%.
A elaboração de um orçamento doméstico para definir quais são as reais necessidades e o planejamento de todos os gastos da família devem levar em conta a renda disponível e não a renda disponível mais o crédito, orienta a Anefac. Ou seja, o consumo do trabalhador tem que caber dentro do salário e não utilizar também o limite do cartão ou do cheque especial.
Pesquisar
Além de evitar comprometer demasiadamente o orçamento com dívidas, na hora de contratar um financiamento é preciso também comparar as taxas de juros e demais acréscimos das instituições financeiras.
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) mantém um site no qual os usuários do sistema bancário podem comparar tarifas e os pacotes de serviços oferecidos pelos 14 maiores bancos brasileiros. No mês passado, o acesso ao Sistema de Divulgação de Tarifas e Serviços Financeiros da Febraban, o Star, cresceu 321,6%. Foram 527 mil acessos em dezembro de 2010 e 125 mil no mesmo período de 2009, segundo a instituição.
Desde 1º de dezembro, o site www.febraban-star.org.br passou a disponibilizar, além da consulta de tarifas por tipo de serviço (tais como o fornecimento de folha de cheque e a segunda via de cartão), a possibilidade de o internauta comparar os pacotes oferecidos pelo Bradesco, Citibank, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Banrisul, Indusval, Itaú, Mercantil do Brasil, Safra, Santander, Banestes, BRB, Caixa Econômica Federal e HSBC.
Selic
10,75 é a taxa básica de juros ao ano. De janeiro passado até novembro de 2010, a elevação foi de dois pontos percentuais
Fonte: Diário do Nordeste - 05/01/2011
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